Green Hell
Ultimamente associamos os jogos survival a clans de zergs coreanos prontinhos para nos destruírem e arrasarem o nosso progresso, pelo que quando o JLC me mostrou um survival para jogar em singleplayer nem olhei para trás. Desde o Don’t Starve que não apanhava um que gostasse. Depois de múltiplas mortes e alguns rage quits, desisti de gostar do jogo, deixo-vos o que vi.
Green Hell é um survival em primeira pessoa. Provavelmente o mais adequado seria chamar-lhe mortival, porque vais passar o tempo a morrer...
O jogo decorre na Amazónia e logo no ecrã principal fiquei a salivar, tinha um modo história!!! Não está ainda activo. Dão-nos um cheirinho como tutorial, que parece bastante interessante, depois puft, acabou-se.
Graficamente o jogo é uma beleza. Ficamos mesmo com a certeza que estamos na selva, embora me pareça que o jogo é algo escuro, os efeitos de luz, sombra e cor são fantásticos, mesmo ao perto, onde costumamos apanhar os atalhos que são feitos na criação das texturas, o jogo não desilude. O que desilude mesmo é a optimização. Nos melhores momentos o jogo corre a 35 FPS na minha 1070, e sem opção de mexer nos gráficos, tive de me contentar, e rezar para ter poucos framedrops, mas ainda tive alguns.
Se tudo estiver calmo à tua volta os sons são realistas e bem reproduzidos, mas se entrarmos no raio de acção dum NPC o ruído torna-se irritantemente alto. Mais uma vez não temos opção para alterar isso para minorar o problema, só temos um slider geral de som, pelo que ou fica alto, ou não ouvimos nada. Este som excessivo até poderia fazer sentido se fornecesse pistas de distância do perigo, mas não fornece, ou ouvimos ou não ouvimos, pelo que uma das coisas que menos queria era entrar no raio de acção dum enxame de abelhas, aquilo dá connosco em doidos. E por falar em enloquecer, também podemos ficar malucos no jogo, e acredita que isso vai acontecer com frequência, o problema é que alucinamos e as nossas alucinações causam o mesmo problema das abelhas, som excessivamente alto.
Quanto ao jogo em si, é um survival estupidamente difícil. Joguei sempre no modo mais fácil para mesmo assim não conseguir passar dos primeiros dias. Fome, sede e sono permanentes, aranhas e cobras a aparecerem em locais que não conseguimos detectar, jaguares que ouvimos, mas não sabemos onde estão e nos matam de forma quase instantânea, tribos que ou nos vêem onde não deviam, ou estamos mesmo ao lado deles e não nos detectam... isto só para falar dos problemas maiores, porque podes fazer uma ferida, apanhar sanguessugas ou vermes a cada 5 passos, não tens propriamente um aviso na hora, percebes que os tens quando começas a ganhar pontos de loucura, aí tens de procurar o problema individualmente em cada membro (ok, esta mecânica era fantástica, admito) e depois de encontrares o problema a forma de o resolveres pode estar dependente duma planta que é extremamente difícil de encontrar. O mini tutorial não nos prepara para isto, lá era tudo mais fácil de encontrar.
Mesmo a comida não sabes o que podes ou não comer, é tudo tentativa e erro.
Jogos difíceis estão um bocado na moda, mas por norma a dificuldade vem associada a justiça, aqui não é o caso. Não tens como optimizar a tua prestação, melhorar mecanicamente. O problema é não veres o que te ataca para poderes fugir a tempo, ou não teres meios para corrigir o problema, e isso é frustrante.
O sistema de crafting é intuitivo. Gostei da sensação de tentativa e erro, de ir juntando coisas e ver o que podia criar com elas. Aqui os 3 desafios que podemos fazer ajudam, pois dão-nos muito mais informação sobre o que podemos e como podemos fazê-lo, algo que depois podemos reproduzir no modo survival.
Algo que pode ajudar é o mapa aparentar ser sempre o mesmo, pelo que podes tentar encontrar pontos de referência, explorar para encontrares o teu ponto seguro e criares aí um “ninho” onde possas ter acesso a água e comida de forma mais constante, mas isto é depois o endgame, o que faz com que o jogo não pareça ter grande propósito neste momento.
Para piorar ainda há alguns bugs que literalmente arrasam o jogo. Posso dar um exemplo dum que me aconteceu mais que uma vez. Depois de fazer o save fiquei preso no abrigo e não consegui sair. Fui procurar soluções à net e percebi que não era o único com o mesmo problema, só que nenhuma solução pareceu resultar comigo. O que resultou foi o tempo. Passado uns dias o personagem soltou-se, só para voltar a ficar preso num save posterior.
Agora, há duas formas de encarar ente jogo. Mecanicamente é um jogo com grande potencial e já num estado muito aceitável. Está um survival a sério, para jogadores com pelo na venta, que queiram algo harcore e que não os trate como meninos. Nesse aspecto parece um jogo muito realista, bem feito e com grandes ideias. Se procuras algo onde possas descontrair mantém-te afastado deste jogo, porque não dá, não dá mesmo. É um stress constante. Acho que faz falta um modo mesmo fácil, fácil a sério, não é só com uma palavra a dizer que é para depois morrermos 20 vezes em 5 minutos. Por fim acrescento que há um roadmap bem definido pelos criadores. Gostaria de ver onde a história vai dar e como é implementada. Talvez volte ao jogo nessa altura, mas para já quero distância, ou terei de aumentar a dose das gotas.
- Lançamento: 29 de Agosto de 2018
- Plataformas: PC
- Desenvolvedor: Creepy Jar
- Editora: Creepy Jar
- Nota Pessoal: 6/10
- Cópia para análise gentilmente cedida por Creepy Jar