Skul: The Hero Slayer

Escrito por

Gonçalo "Melgacius" Carvalho

Data de publicação

01 Fevereiro 2021 13:00

Tópicos

Neste jogo invertemos os papéis e jogamos na pele de Skul, um esqueleto pertencendo ao reino dos Demónios, que tem como objectivo derrotar heróis da espécie Humana. Há mais curiosidades que me chamaram a atenção. A história tem um narrador. Durante o jogo jogamos em terceira pessoa, não há dúvida, mas este jogo tem um bocadinho de segunda pessoa na sua génese. Percebemos imediatamente para onde o enredo vai, mas essa linearidade não é entrave a nada. A informação é-nos dada aos magotes no final de cada nível. Por norma é-nos explicado retroactivamente o que acabamos de experienciar e o voice-over coreano tem sempre um charme impar para nós ocidentais, mesmo quando isso acaba por significar umas legendagens inglesas meio manhosas. O pixelart tem dado um salto qualitativo muito grande. Este jogo é lindo! No entanto sem haver nada que me faça destacá-lo.

O estilo do jogo é mais ou menos o habitual. Fazes runs em que ganhas dois tipos de moeda, uma para usares em cada run, outra permanente que serve para fazeres upgrades depois de morreres. A progressão é muito lenta. Considero-me um jogador abaixo da média, mas mesmo assim acho que poderia ser um bocadinho mais rápida a progressão, até porque a repetição se instala mais rapidamente que a velocidade a que progredimos. Talvez se sentíssemos aquela melhoria constante o jogo tivesse mais longevidade.

Outro ponto interessante do jogo é que Skul pode trocar de crânio consoante os vai apanhando, e cada nova iteração leva a um estilo de jogo completamente diferente. Alguns crânios pertencem ao campo do poder, outros à velocidade e há também os equilibrados. Tirando um deles, tenho que dizer que preferi sempre o campo do poder, sendo que existiam mesmo alguns que tornavam muito difícil a progressão, mesmo após as melhorias. Sim, cada crânio tem níveis desde comum a lendário, mas não penses que um comum é inútil, pois consoante vais destruindo um vais ficando com as sobras que podes usar para melhorar o teu boneco em determinados pontos. Também podes apanhar logo um crânio lendário e isso resolve logo todos os problemas de evolução. Aconteceu-me uma vez e notei bem a diferença. Claro que cada evolução que fazes durante uma run fica associada ao crânio, caso o troques, e acredita que tens momentos em que o podes fazer, perdes esse investimento.

Para além dos ataques físicos tens ataques mágicos, habilidades associadas a cada crânio, um dash e um duplo salto. O combate é fluído e requer muita atenção. Os adversários são diversos e cada um deles dá uma dica óbvia do movimento que vai fazer. Se estiveres atento decoras facilmente todas essas dicas e estás bem. O problema é que no meio destas habilidades todas, muitas delas envolvendo explosões, e momentos em que há muitos adversários no ecrã, perdes completamente a noção onde tens o boneco. Múltiplas vezes isso me aconteceu, algumas por mais de um ou dois segundos. Parece pouco, mas é imenso tempo num jogo destes.

A meio de cada nível lutas com um herói (ou mais consoante vais passando de nível) que é mais difícil que os múltiplos minions, mas com padrões de ataque completamente identificáveis. No final de cada nível tens um boss, esse sim muito mais difícil que todos os outros, com o acrescento que são umas esponjas de dano enormes, e quando pensamos que os derrotamos ainda temos de os derrotar novamente. É um salto enorme na dificuldade, mas repito que são justos, pelo menos até certa altura em que pela quantidade e velocidade dos movimentos se torna dolorosamente penoso avançar.

Em cada nível há uma loja onde, consoante a moeda que ganhas, podes comprar vida, habilidades ou magias que te ajudam em cada run. Por norma há um equilíbrio entre todas as habilidades, e eu notei que se podiam facilmente adequar a diferentes formas de jogar.

Em momento algum nos tentam apanhar desprevenidos. Os níveis não são aleatórios. Até a sua configuração podemos decorar. Apenas temos a possibilidade de escolher o tipo de recompensa que preferimos receber e possivelmente é esse um dos problemas.

Skul: The Hero Slayer não tem nada de errado. Nada mesmo. Tecnicamente bastante bem elaborado, combate fluído, história sólida e mecânicas interessantes, mas num género super saturado não encontro nada que o faça sobressair, bem pelo contrário há uma lentidão implícita no progresso que não é compensada por diversidade de oferta. O salto grande na dificuldade que os bosses representam também cria uma barreira que implica ainda mais horas de grind. A seu favor é que é totalmente dependente da skill. Claro que há alguma sorte nas builds que te vão calhando, mas tens controlo sobre a maioria do ambiente. Nós que passamos o ano a jogar jogos deste género estamos sempre à espera de descobrir o novo Hades, mas há que ter a noção que um jogo ser bom não significa ser único. Este dança numa fina linha entre o muito bom e o óptimo, se fosse o primeiro do género eu iria dizer que poderia estar entre os melhores jogos do ano. Não ser particularmente memorável é secundário nesta equação. Gostei muito dele na mesma!

  • Lançamento: 20 de Janeiro de 2021
  • Plataformas: PC
  • Desenvolvedor: SouthPAW Games
  • Editora: NEOWIZ
  • Nota Pessoal: 8/10
  • Cópia para análise gentilmente cedida por NEOWIZ