Super Mario 3D World + Bowser's Fury
É tão bom estar agora a descobrir uma miríade de exclusivos Nintendo que me passaram ao lado durante anos. Tenho sempre a sensação que não os consigo apreciar como um fã de longa data, mas todos temos de começar por algum lado, e se for por mim, começas aqui, já que Super Mario 3D World + Bowser’s Fury é dos jogos mais divertidos e criativos que alguma vez joguei.
Cada vez que entro num jogo de Mario choco de frente com aquilo que mais me afasta deles, os controlos. A subtileza que é necessária para perceber ao certo onde o boneco vai cair, a destreza com que temos de controlar aquele escorregar tão característico da franquia, exacerbado pelo facto de num jogo em 3D este acontecer em múltiplas direcções, a agilidade que temos de ter para executar todos os tipos diferentes de saltos e habilidades que, mesmo que sem serem essenciais, são parte integrante da experiência do jogo, além de tornarem muito mais fluido o percorrer de cada nível.
Anda cá bichaninho!
Embora a minha ideia inicial que o Bowser’s Fury não fosse mais que um pequenino DLC, um mimo para quem comprava esta versão dum jogo antigo, este revelou-se um outro jogo por mérito próprio, por essa razão irei falar dele de forma separada.
A diversidade que encontrei em Super Mario 3D World não parou de me surpreender. Com tantos níveis pensei que a alguma altura teriam de começar a repetir a fórmula, mas não. Ora temos os tradicionais níveis de plataformas, ora temos chão invisível, ora temos de surfar nas costas dum dinossauro, ora temos de saltar em nuvens, equilibrar-nos em plataformas que rodam permanentemente, plataformas que mudam quando saltamos, chutar bombas, controlar múltiplos clones, resolver puzzles em canos, descobrir áreas secretas, lutar contra bosses… acho que estão a perceber a ideia. Nem tomei notas de todas as ideias, nem de perto as mencionei todas, mas parece que todos os criativos se juntaram e cada um fez o seu nível, cada um associado a um tema, uma mecânica, uma ideia. Com níveis curtos e relativamente fáceis o desafio é muitas vezes percorrê-lo sem falhas. Muitas vezes gostei tanto da perfeição de alguns deles que tive de voltar e repeti-los. Não havia como não o fazer. Por isso demorei tanto tempo com ele. Esta experiência é para ser apreciada e repetida.
Há, no entanto, uma ideia transversal a todo o jogo, o fato de gatinho. Mario ter power ups que o transformam noutros animais não é novidade, nem o boneco gato é o único pois continuamos com o guaxinim, o Mario de fogo ou a Tartaruga que atira o bumerangue. Cada vez que ficamos enrascados num nível também nos transformamos num guaxinim que apenas morre se cair do cenário, isso acontece após morrermos 5 vezes e é uma ideia interessante para simplificar um jogo já de si não muito complicado. Temos toda esta variedade, mas é o gato que sobressai, parecendo o tema subjacente a muitos níveis, sendo que muitos dos segredos me pareceram desenhados para serem descobertos por ele. Diabo, até o Bowser tinha o power up de gatinho, mesmo que sem razão aparente! Mario não precisa de se justificar, apenas temos que nos divertir.
Com a opção de co-op local ou online até 4 jogadores, a única vez que joguei com o meu filhote percebi que o mesmo botão servir para duas coisas não é a melhor solução, mas é uma limitação própria das consolas. Acabei por o agarrar e ser agarrado algumas vezes. Há 4 personagens diferentes (Mario, Luigi, Princesa e Cogumelo) cada um com a sua habilidade, mas essa diferença era muito mais útil quando jogávamos cooperativamente que jogando sozinho. Acabei por jogar 90% do jogo com Mario, a personagem que me pareceu mais equilibrada, no fundo um faz tudo. Curiosamente nunca consegui apanhar um jogo online, e mesmo quando criei um ninguém se juntou.
Agora igual, mas em mundo aberto
O que reparei mal entrei em Bowser’s Fury foi a câmara livre. Em 3D World a câmara era fixa, não tínhamos que nos preocupar com nada, apenas com a nossa diversão, mas aqui foi-nos oferecido um grande mundo aberto para explorarmos.
Os jogos Mario são usualmente tão divertidos que nunca tinha pensado quanto tempo passava em ecrãs de carregamento ou no ecrã de selecção de nível. Aqui não há nada disso. Se quero ir a um lugar, vou lá. Simples. Não sei como nunca tinham feito um jogo de Mario completamente em mundo aberto, parece que foram feitos um para o outro.
Antes de entrar no jogo em si, a música. Epá… tinha Ori and the Will of the Wisps como padrão, mas não sei se não terei de mudar, dada a qualidade com que a Nintendo nos presenteou. Estou sempre a cantarolar a musiquinha de um dos níveis. Eu sei que mais tarde ou mais cedo isto passa, mas é raro isto me acontecer.
Inicialmente até me pareceu que este jogo estaria mais próximo de Mario Odyssey, mas muitas das mecânicas e ideias estão mais próximas do 3D World, sendo no fundo um belíssimo hibrido e provavelmente um teste das águas para o que pode ser o próximo jogo da franquia. Meus amigos, se assim for eu quero!
Neste jogo ajudamos Bowser Jr a libertar o pai duma fúria que o está a consumir. Exploramos o mundo e de tempos a tempos um Bowser gigante aparece e ataca-nos. Esta é a mecânica de fundo do jogo, pois estes ataques são imprescindíveis para desbloquear áreas ou itens que se encontram escondidos atrás de blocos que só podem ser destruídos por estes. É dessa forma que nos dão a sensação de progressão. Inicialmente pareceu-me que o Bowser aparecia sempre que estávamos perto desses blocos, mas afinal aparece de tempos a tempos, nada relacionado com o facto de necessitarmos ou não da sua presença, isso cria espaços mortos em que precisamos da sua presença para avançar, ou momentos em que não queremos a sua presença e esta só vem atrapalhar.
Continua claramente a ser um jogo Mario, os níveis são contidos e temáticos, por norma bastante curtos, só que aqui podemos saltar entre eles desde que estes se encontrem desbloqueados.
De tempos a tempos transformamo-nos num gato gigante super guerreiro do espaço e temos um confronto directo com o Bowser que nos faz avançar mais um bocado no jogo.
Também dá para jogar em modo cooperativo de forma assimétrica, um controla o Mario, outro o Bowser Jr, um pouco a versão mais complexa do controlar o chapéu em Mario Odissey. Neste jogo não testei esse modo, não sei ao certo como se criam as sinergias. Para ser sincero, ambos os jogos não me remeteram para jogar em modo cooperativo, testei por testar, não foi porque me pareceu uma experiencia que não podia perder.
E os faróis?? São dois!!!
Estava à espera dum jogo e dum DLC, mas o que me deram foram dois jogos. Certo que Bowser’s Fury é uma experiência mais curta e contida, mas o que é verdade é que estou com imensa dificuldade em encontrar um problema para colocar neste jogo, para além da coordenação das aparições do Bowser. Muitas vezes estes ports são a Nintendo apenas a ser Nintendo e a vender o mesmo produto múltiplas vezes, mas aqui dão-nos algo novo, e isso somado ao nível gigantesco de diversão que ambos os jogos nos oferecem tornam o pacote um sério candidato a estar na conversa para jogo do ano. Recomendadíssimo!
- Lançamento: 12 de Fevereiro de 2021
- Plataformas: Nintendo Switch
- Desenvolvedor: Nintendo
- Editora: Nintendo
- Nota Pessoal: 9.5/10
- Cópia para análise gentilmente cedida por Nintendo Portugal